sexta-feira, 14 de março de 2014

BASTÃO OU BENGALA



De acordo com alguns mestres, o Tahtib, é uma dança tradicional masculina, com origem no sul do egito da região chamada Saaid. Dessa forma, foi adaptada para a dança feminina trazendo um ar “sátira” ao estilo mencionado, denominada Raks Al assaya. A palavra Said signfica de uma forma geral, alegria, felicidade.

A mais conhecida é o Tahtib
, dançada pelos homens da região de Said no Alto Egito , por ter sido coreografada por Mahmoud Reda e transformada em parte de um espetáculo de sua troupe. Mahmoud Reda criou  também coreografias para as mulheres, que originalmente dançavam sem bastão. Suhair Zaki é um exemplo de ter feito Said sem bastão.
Porém é inegável que o que conhecemos da dança Said, se deve aos estudos do mestre Mahmoud Reda. Ele e sua troupe levaram para o palco visões acerca do folclore, adaptando e acrescentando movimentos e expressões daquilo que ele sentiu ser do povo egípcio. A ex bailarina de sua troupe, Farida Fahmy já alegou em entrevistas que o que realizamos é cópia da cópia, ou seja, temos muito pouco estudo e material específico acerca do que realmente é originário dos folclores, até porque muita coisa se modificou com o tempo e em relação a folclore, cujas características culturais e específicas de determinada região são imutáveis, aquilo que realizamos como Said é mais cênico do que a realidade egípcia de fato.
 Isso não quer dizer que iremos deixar de investir nos estudos e nessas danças que Mahmoud trouxe de uma forma tão genuína e significativa. Devemos, portanto estudar vídeos de bailarinas e bailarinos antigos, egípcios, libaneses e perceber suas nuances, suas técnicas e principalmente os trejeitos realizados, pois antes de nem sonharmos com o que era dança do ventre ou folclore árabe já existiam manifestações acerca dessas danças.
 A bailarina Isis Zahara acredita que a Raks al Assaya é bem conhecida quando o assunto é danca do ventre e a todo momento fazemos uma referência ao Egito, mas nem sempre nos damos conta que o bastão está presente em outros países árabes, como o Líbano.
 Então segue aqui a pergunta: quais as diferenças ou semelhanças entre a dança de bastão libanesa e a egípcia?
 Muitas culturas do Oriente Médio tradicionalmente utilizam bastões para caminhadas, pastoreio e auto/defesa e todas elas têm como tradição a dança com bastão.
 A partir disso a Raks al Assaya (dança com bastão) foi incorporada por muitas dancarinas de dança do ventre que passaram a imitar e a brincar com os movimentos do Tahtib. 
 A música tradicional Said é única, incluindo instrumentos como mizmar, rebab, tabla e outros instrumentos que utilizam os ritmos Saidi e Fallahi de base.  
 A partir dos anos 70, o ato de segurar uma bengala foi incorporado na dança baladi apenas por modismo da época (como você poderá assistir em um show de Fifi Abdou), sem utilizar necessariamente os passos do folclore e ficou conhecido porAssaya Baladi ou Assaya Cairo, resultando em muita confusão aos olhos ocidentais. 
A música tradicional Said é única, incluindo instrumentos como mizmar, rebab, tabla e outros instrumentos que utilizam os ritmos Saidi e Fallahi de base. 
 A partir dos anos 70, o ato de segurar uma bengala foi incorporado na dança baladi apenas por modismo da época (como você poderá assistir em um show de Fifi Abdou), sem utilizar necessariamente os passos do folclore e ficou conhecido por Assaya Baladi ou Assaya Cairo, resultando em muita confusão aos olhos ocidentais. 
  Também existe uma versão libanesa desta dança, que é derivada dabke e em oposição ao said, fallahi ou baladi utiliza-se o ritmo nawari. Mas, como há um intenso intercâmbio entre as culturas do mundo árabe, principalmente na música e na dança, é possível observar um mix entre said e nawari, dois ritmos de 4/4.
Um exemplo disso é a famosa canção “Shashkin" ou "Ya Ein Mouletain”, tradicionalmente um ritmo Nawari, mas muitas vezes é tocado como Said.   
Na versão libanesa não há obrigatoriedade de dançar com o figurino folclorico como no Egito e percebemos a maioria das bailarinas usando salto, bem ao estilo das dançarinas libanesas.
 Na dança libanesa a bailarina é seguida por um percussionista que joga com ela através da tabla baladi ou tavul. No Brasil, principalmente devido a comunidade sirio libanesa presente na cidade de São Paulo, é comum assistir dança com bastão  ao estilo libanês. 
Geralmente o instrumento de sopro mizmar aparece no Said egipcio, ao passo que a flauta mijwiz  é mais encontrada na música libanesa.
 Nawari  4/4 é um dos ritmos mais comuns para dançar  Dabke, já o Said 4/4 é utilizado nas danças do Alto Egito, mas, todos sabem que existe uma conexão da dança de bastão egípcia com o Libano. É comum as bailarinas libanesas utilizarem o bastão nas apresentações.
O ritmo Said é utilizado, muitas vezes, como abertura para o ritmo Nawari ou, durante a improvisação do percussionista. Acredito, que uma das confusões começam aqui.
CURIOSIDADES:
Sobre dançar com bastão ou bengala, há contradições e muitos mitos. Como a dança é ligada a arte marcial com pesados bastões (Tarthib), é mais utilizado o bastão no Raks Al Assaya. Como o bastão duplo é característico da dança masculina (Tarthib) alguns alegam ser errado a bailarina manusear dois bastões, porém, principalmente no Brasil existem várias bailarinas que utilizam bastão duplo. 
É mito pensar que bengala é feminino e bastão masculino. A bengala foi adaptada com o tempo, mas pode ser utilizada tanto quanto o bastão, embora esse seja mais ligada a arte marcial que inspirou o Raks Al Assaya.
Para dançar com o bastão não é qualquer ritmo, o usado é o Said ou Maalub el Balady, nome originário de El Saaid, no Alto Egito. É um ritmo 4/4 e possui muitas variações. As músicas desta dança seguem uma linha egípcia, alegre e com batidas específicas.

A roupa típica utilizada na dança da bengala é um vestido fechado, o qual o ventre da dançarina fica coberto, podendo ser justo ou mais folgado, preso pôr um cinturão e bem folgado para a liberdade de movimentos que a própria dança exige, com aberturas laterais, medalhões, chalés, lenços na cabeça e moedas. Usa-se vestido nesta dança para lembrar as esposas dos pastores, os quais, tangiam rebanhos com bastões e ao final do dia, já nas aldeia ou oásis, em volta das fogueiras, dançavam alegremente com suas mulheres.
Os movimentos mais usados com bastão são giros verticais, horizontais e transversais, sempre em harmonia com o trabalho dos quadris, busto e cabeça, com habilidade e jogo de corpo da bailarina. São utilizados nesta dança muitos passos saltados e movimentos de ombros.








Segue alguns vídeos:





                

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